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Crédito de carbono: o que é, como gerar e vantagens

crédito de carbono

Não é novidade que a liberação excessiva de dióxido de carbono (CO2), um dos gases do efeito estufa (GEEs),  provoca grandes problemas. O que muitos ainda não sabem, no entanto, é que a redução dessas emissões têm valor econômico e aquecem o tão comentado mercado do crédito de carbono.

A prática, que consiste na compra e venda desses ativos, já vem sendo estudada há alguns anos. Mas o agravamento da crise climática acelerou iniciativas de empresas e governos sobre o assunto. E não poderia ser diferente.

Segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as emissões de gases estufa projetadas para 2030 precisam diminuir 28% para manter o aumento da temperatura média da terra próximo do limite estabelecido no Acordo de Paris.

Ou seja, há pouco tempo e muito trabalho por fazer. A participação social é importante, mas o engajamento da iniciativa privada e pública é crucial para manter a qualidade de vida atual e futura.

Neste artigo vamos te apresentar mais a fundo o conceito do crédito de carbono, como isso é gerado e comercializado, quais as vantagens de obter créditos e quais empresas já estão investindo nisso.

Mas antes, uma primeira parada para entender um outro termo importante para esse tema!

O que é carbono zero?

Carbono zero é uma política adotada por empresas para reduzir ou limitar a emissão de gases estufa na atmosfera por meio de ações viáveis que neutralizam os efeitos dos poluentes no meio ambiente e na qualidade de vida da população.

Por exemplo, uma indústria libera X toneladas de carbono por ano com a fabricação de seus produtos. Para neutralizar essa quantidade, investe em ações que compensam o desequilíbrio, como a compra de crédito de carbono ou investimentos em energia limpa.

Dessa forma, a política de carbono zero tem como meta evitar as consequências causadas pelo excesso de emissão dos poluentes, como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), ozônio (O3) e óxido nitroso (N2O), que são gases causadores do efeito estufa.

Além disso, é uma ação de responsabilidade socioambiental fundamental para manter a competitividade no mercado. Nos próximos parágrafos explicamos um pouco mais sobre isso.

Como surgiu o conceito?

O termo carbono zero surgiu no Japão, na cidade de Kyoto, em 1997. Mais de 140 representantes de países de todo o mundo se reuniram para debater as ações e metas de redução das emissões globais de gases do efeito estufa.

Esse encontro gerou um documento chamado “Protocolo de Kyoto”, um tratado assinado por 55 países.

Nas últimas décadas, a ONU, em parceria com os líderes das nações, atualizou metas antigas e definiu novas, porém, sempre com o objetivo principal de reduzir a emissão desses gases.

Qual a diferença entre carbono zero e carbono neutro?

Carbono neutro é uma posição que as empresas alcançam ao compensar suas emissões de carbono e outros GEEs, seja por meio de mudanças na operação ou compra de crédito de carbono. Na prática, a neutralidade significa reduzir o que é viável e equilibrar o restante das emissões por meio da compensação. 

Já o carbono zero é uma meta de longo prazo para reduzir a emissão total de gases estufa das atividades institucionais ao menor índice possível. Ou seja, criar uma cadeia de produção e distribuição limpa com processos que causem impactos positivos.

As duas ações são formas de evitar as consequências da emissão excessiva de gases poluentes.

Atualmente, é possível calcular a quantidade de CO2 emitida por uma pessoa, empresa, produto e até por um governo.Essas informações são o ponto de partida para neutralizar o carbono com mecanismos de compensação e medidas que diminuam as emissões de CO2.

Chegar ao carbono zero é uma meta tão emergencial que faz parte de praticamente todas as conversas sobre o meio ambiente na atualidade e também dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O que é crédito de carbono?

O crédito de carbono é a medida monetária do mercado de CO2 que representa a diminuição de uma tonelada do gás que deixou de ser produzida e liberada no meio ambiente. Ou seja, 1 tonelada de CO2 é igual a 1 crédito de carbono

Quando outros gases não são lançados na atmosfera, a contagem de créditos acontece com base na tabela de carbono equivalente.

Por exemplo, o metano (CH4), assim como o carbono, é um causador do efeito estufa. Porém, o seu potencial de aquecimento global é 21 vezes maior que o do CO2. Dessa forma, 1 tonelada de metano reduzida ou retirada da atmosfera equivale a 21 créditos de carbono.

Como funciona o crédito de carbono?

O crédito de carbono funciona como uma moeda. As empresas calculam quanto de CO2 e demais gases estufa produzem, criam ações para neutralizar os impactos e, assim, obtêm créditos conforme os resultados, o que contribui com a meta de redução do país.

As grandes corporações, que têm um nível de emissão muito alto, compram créditos no mercado de carbono para compensar seus lançamentos. Dessa forma, contribuem indiretamente com a meta de redução de GEEs e para o desenvolvimento sustentável.

A negociação dos créditos acontece por meio de corretoras internacionais, como a European Climate Exchange, no mercado regulado, e a Chicago Climate Exchange, no mercado voluntário. 

No Brasil, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) tem um programa especial para projetos geradores de crédito de carbono. 

O Fundo Amazônia, criado pelo governo em 2006, financia projetos de redução de emissões por desmatamento e degradação das florestas (REDD).

Dessa forma, os mercados de carbono nacional e internacional geram benefícios para o desenvolvimento sustentável dos países.

Como gerar crédito de carbono?

As empresas geram créditos de carbono por meio de investimentos em estratégias que contribuem com a economia de baixo carbono.

Qualquer atividade gera carbono, portanto, até mesmo um deslocamento de carro até o trabalho causa um prejuízo ambiental. Da mesma forma, a comida comprada no supermercado passa por processos que geram CO2.

Por isso, é fundamental criar medidas para mitigar as consequências das emissões e buscar a neutralização de carbono. Veja exemplos de ações que geram créditos para empresas:

  • utilizar energias renováveis;
  • descartar corretamente os resíduos industriais e fazer compostagem de orgânicos;
  • usar os recursos naturais (água, minerais, alimentos) com eficiência;
  • reduzir o consumo supérfluo de qualquer item (matéria-prima e combustível, por exemplo);
  • realizar o reflorestamento de áreas degradadas.

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Como comercializar crédito de carbono?

Para comercializar créditos de carbono, as empresas seguem as regras do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), organizadas em três métodos: unilateral, bilateral ou multilateral. Entenda como os segmentos funcionam a seguir.

Unilateral

No mecanismo unilateral, os projetos acontecem no território de origem da instituição. As ações atendem aos seguintes critérios: reduzir a emissão de CO2 e gerar créditos de carbono.

O próprio país que desenvolveu o projeto libera os ativos para comercialização por um valor pré-definido.

Bilateral

Os projetos elaborados por um país em desenvolvimento, mas executados em uma segunda nação em desenvolvimento, denominada de “país hospedeiro”, seguem o mecanismo bilateral. 

O dióxido de carbono (CO2) não emitido na atmosfera gera créditos para o país que implementou os projetos.

Multilateral

No mecanismo multilateral, fundos internacionais implementam os projetos e estratégias de redução da emissão de carbono.

Os projetos MDL acontecem em diversos setores, como energético, florestal e transporte. No Brasil, a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIM) avalia e qualifica as propostas.

O órgão garante a veracidade das iniciativas e monitora os resultados. Assim, quanto mais projetos ativos, maior é a contribuição do país para mitigar os riscos do efeito estufa.

Quais as vantagens do crédito de carbono para empresas?

O mercado de carbono incentiva as empresas a realizar mudanças reais nos processos de produção, o que colabora com o controle das alterações climáticas. Veja os principais benefícios de gerar créditos:

  • proporcionar a segurança jurídica: a geração de crédito de carbono é uma boa prática ambiental, mas movimentações legais oficializam a prática, como na cidade de São Paulo, onde empreendimentos ou atividades passíveis de licenciamento ambiental terão que apresentar estimativas ou inventário de emissões de gases estufa.
  • aumentar a credibilidade da marca: clientes, acionistas e stakeholders consideram positivo o alinhamento das empresas com as exigências para criar operações mais sustentáveis. Por isso, os negócios comprometidos com o tema, serão cada vez mais valorizados pelo mercado.
  • investir mais energia limpa: o investimento nas fontes de geração de energia sustentáveis, como energia solar, eólica e biomassa, movimenta o mercado elétrico e reduz o uso de insumos geradores de gases estufa;
  • impulsionar os investimentos em projetos sustentáveis: a compensação com créditos de carbono destaca a relevância das ações de sustentabilidade, o que atrai atenção e investimentos para essa área;
  • alcançar objetivos sustentáveis: a possibilidade de comprar créditos de terceiros auxilia as empresas na criação de estratégias para cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável e incentivar ações inovadoras em seus segmentos de mercado;
  • estimular a redução de GEEs nas atividades: receber uma recompensa pelos GEEs não emitidos é um incentivo para a adoção de práticas sustentáveis, o cumprimento das leis ambientais e a consolidação de um modelo de negócio limpo. 

Empresas que investem na neutralização de carbono

As empresas que investem na neutralização de carbono só têm a ganhar. Afinal, os benefícios das ações alcançam toda a população. Confira exemplos de empresas envolvidas com essa pauta ambiental e seus projetos.

Microsoft

A Microsoft tem como meta zerar suas emissões de carbono até o ano de 2030. Aliás, a empresa tem outro objetivo mais ousado: remover do meio ambiente, até 2050, todo o carbono que a empresa emitiu direta ou indiretamente por consumo elétrico desde 1975.

Natura

A empresa comanda o Programa Carbono Neutro desde 2007, que tem o intuito de controlar, reduzir e neutralizar as emissões de CO2. Da criação do projeto até 2021, a empresa evitou a emissão de mais de 1,28 milhões de toneladas de gás carbônico.

Apple

A norte-americana Apple tem como meta zerar as emissões de carbono da sua cadeia de fornecimento e do ciclo de vida dos produtos até 2030. A empresa trabalha ao lado de fornecedores e parceiros comprometidos e investe na geração de energia renovável.

Nike

O programa Move to Zero mostra a jornada da empresa para ser carbono neutro e produzir peças de vestuário sustentáveis. Além de alterar métodos, processamento e produção, a Nike envolve os consumidores e incentiva a adoção de práticas sustentáveis.

Danone

A Danone tem como meta zerar a emissão de carbono em longo prazo. As principais ações são: diminuir o consumo de água, utilizar energia de fontes 100% renováveis e zerar o impacto dos resíduos destinados a aterros.

Carbono zero no Brasil

O Brasil caminha para a regulamentação do mercado de carbono interno. No fim de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 2148/15, um projeto de lei que propõe a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).

Com o sistema, existirá um teto para emissões de gases estufa para as empresas do país e um mercado de venda de títulos. Assim, as empresas que mais poluem compensarão os lançamentos da sua atividade.

O SBCE controlará as organizações que emitem acima de 10 mil toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano. No momento, o projeto aguarda a apreciação pelo Senado Federal.

A existência de um mercado regulado interno é positiva, e se soma ao mercado voluntário existente no país. Segundo a McKinsey, a previsão é que a demanda por créditos de carbono aumente 15 vezes ou mais até 2030.

Ainda conforme os dados da consultoria, o aumento favorece o mercado brasileiro, que tem 15% de todo o potencial global de captura de carbono por meios naturais.

Importância do inventário de gases do efeito estufa

O Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) é uma iniciativa crucial para as empresas que têm como meta combater as mudanças climáticas.

O documento destaca os impactos da atividade operacional, define as estratégias de redução das emissões e lista os planos de ação e objetivos.

A gestão eficaz do lançamento de GEEs beneficia financeiramente as empresas por meio de ações de controle e redução, além de destacar novas oportunidades de negócio.

Para conquistar esse objetivo, é essencial investir na melhoria contínua dos métodos de mensuração, repasse e verificação das informações relacionadas às emissões de GEEs. O inventário é o primeiro passo para chegar lá.

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O caminho para gerar ou comprar crédito de carbono exige uma gestão da informação ambiental eficiente, capaz de gerar dados confiáveis sobre a operação da empresa..

Por isso, a solução mais eficaz para negócios que desejam explorar esse mercado é automatizar a própria gestão ambiental  com a ajuda de um software, como o Ambisis.

A ferramenta otimiza a gestão de requisitos legais, projetos ambientais, resíduos e outras demandas essenciais da equipe de meio ambiente, criando um cenário seguro e muito mais preciso para a criação de um inventário de gases do efeito estufa.

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